24 de mar. de 2013

Poesia de Carlos Gaiza - O Sono

O sono
Carlos gaiza

O sono saiu dai,
e ele chegou aqui,
ai eu mandei ele entrar,
e ele foi logo dizendo que não ia mais voltar pra aí não.
Estava com muita raiva,
que ninguém aí dava atenção a ele.
Então o travesseiro que é um grande amigo dele
passou a chamar a gente
para bater um papo de silêncio profundo
o que eu achei de bom tom
e muito pertinente.
No entanto,
a cama e o lençol
começaram a questionar
de quem me chamaria primeiro.
Eu fiquei calado,
enquanto o grupinho
formado pelo
travesseiro, lençol, cama e sono
discutiam quem arremataria a partida
durante o intervalo,
quando não na prorrogação
do terceiro tempo.
Fiquei muito contente
com aquele amor coletivo
o que me levou a sonhar
voando na postura em pé
com respiração profunda
e algum ronco, ou talvez
alguma baba escondidinha.
Mas deixa está, logo, logo,
eu, o lençol, o travesseiro, a cama e o sono
estaremos de pé para mais um dia
de prazer, quem sabe alegria,
ou quem sabe mais ainda
muito murro em ponta de faca.
Há quem diga que se mata um leão por dia, vige!

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