8 de jul. de 2011

Poesia de Regina Helena


O PASSARINHO

Sensível e indigente, o coração,
eterno passarinho,
Recolheu o canto, guardou o sonho,
Acolheu o sol em sua noite...
E fazendo-se iniciante,
Aguardou a renovação do intérprete.
As armadilhas do maginário,
A razão confusa e claudicante,
O amargo sabor do fugidio
E a mágoa da escolha resultante,
Fizeram-no destemer na vastidão
O frio hálito dos ventos...
Cansado da linguagem
da própria experiência,
Despediu a saudade,
abraçou o abandono,
Abriu as asas, alçou vôo...
Mergulhou na escuridão,
ganhou distância...
O céu estava lindo!...
Mas a tristeza o impediu de ver
o brilho das estrelas.
E para não perturbar o silêncio
das cinzas que o recebiam,
De imaginar se houve solidão
Nessa gaiola que deixou vazia...

Regina Helena

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