INSTANTE FECUNDO
Toda vez que termino
de escrever um livro,
entro numa letargia profunda:
não sei se é pelo gozo,
não sei se é pelo feto.
Fico em tempo de mulher gestando,
e um simples gesto me dá impressão
de perder o filho.
Sinto enjôos, tonturas, calafrios...
fico esperando os meses certos,
contando os dias na expectativa
do exato instante.
E ouço vozes dizendo:
— Deus te dê uma boa-hora!...
E fico muda, nem um gemido.
E fico surda, nem um ruído.
E o momento chega.
Ele nasce aos olhos de todos...
e me abre as entranhas,
fico no ar tonta de emoção.
Seguro nas mãos meu livro, — outro filho —
e me sinto mãe, em tantas folhas,
por muitas vezes.
Aparecida Ramos
Toda vez que termino
de escrever um livro,
entro numa letargia profunda:
não sei se é pelo gozo,
não sei se é pelo feto.
Fico em tempo de mulher gestando,
e um simples gesto me dá impressão
de perder o filho.
Sinto enjôos, tonturas, calafrios...
fico esperando os meses certos,
contando os dias na expectativa
do exato instante.
E ouço vozes dizendo:
— Deus te dê uma boa-hora!...
E fico muda, nem um gemido.
E fico surda, nem um ruído.
E o momento chega.
Ele nasce aos olhos de todos...
e me abre as entranhas,
fico no ar tonta de emoção.
Seguro nas mãos meu livro, — outro filho —
e me sinto mãe, em tantas folhas,
por muitas vezes.
Aparecida Ramos
Um comentário:
Cristina
Só agora li o texto Instante
Fecundo, um pouco atrasada,é verdade, mas achei linda a
imagem. Sensibilizada.
Aparecida Ramos
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