A Estação
O trilho de ferro duro
na noite calada,
ali firme sem movimento.
A calçada alta de pedra lisa e branca
Da sacada de luizinha mansa
Do banco duro de madeira seca
Pintado de amarelo o parapeito.
O poste redondo de barriguinha
A bilheteria com cavidade de boquinha
Muito fio que nem dedos de mãozinha
na calçada o ralo de umbiguinho
Está só, parece abandonada.
Da espera que não chega
Na partida que não sai
Não tem frio nem ta quente.
O trilho na escuridão
São duas listras bem retinhas
Que parece sem fim
de brilho molhado
pelo sereno da noite
No imóvel e eterno abraço
feito pelos dormentes
no aconchego da brita.
Pronto, lá vem o trem!
que lhe penetra inteirinha
provocando gritos
uns daqui outros dali
de onde apareceu essa gente
parece até que o mundo vai acabar.
Sua plataforma é fecundada
como se fosse um vestíbulo
com todo tipo de carga
feito de uma só vez.
O trem sai de dentro dela
sem saudade e sem dor
logo tudo desaparece
fica limpinho como escuro
e volta o silêncio ensurdecedor.
Carlos Gaiza
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