Poesia de Emília Carvalho - Esfinge

 Esfinge

O papel em branco é a vida que não se viveu.

Quisera  inundar-lo com todas as cores e coisas desse mundo.

Encher da minha inquietude , da minha fome de vida.

 Encher  de graça  a  minha existência vazia.

Na dialética do ser tem uma menina que  ainda se espanta e se encanta.

É certo que  entorpecida pelo mundo dos adultos.

A Poesia que os prazos do sistema  teimam em massacrar.

Queimaram  todos os sonhos  e  fantasias ?

 De todas as quimeras não restam quase nada?

 Me deixaram estástica , um morimbundo por entre as gentes?

 Não , não sou como eles. Minha alma fica cá dentro  duelando

 Id, superego , tudo dentro de mim.

Apolo e Dionisio se degladiando.

Sou um espírito aprisionado na masmora da pequenez das mentes burocráticas.

Só  os “ Loucos “ são livres.

 Minha alma cigana agoniza de nostalgia.

   Toda essa existência não cumpriu a promessa.

      Sou uma alma encadenada, apenas uma alma encadenada.

       Em um dilema pérpetuo de Ser e não  Ser.

         Não se enganem tenho que ter Força de Titã para domar os bacantes que dançam na minha mente   e  me seduzem.

Passei pela vida reprimindo o gozo de DionÍsio

Não tive a coragem de tomar seu cálice.

 Pagar o preço que cobraste.

Maldita prudência, maldita racionalidade.

Maldito medo!

 Mas amei Dionisio  cri nele ,porque ele dança, dança...

Viva Nietzche!

Emília Carvalho