8 de set. de 2012

Poesia de Carlos Gaiza


 
Ele
 
Ele, o homem, só se reconhece extravagante
Da sua consciência, quando vê outro
Sem um braço, ou sem uma perna, de repente,
Este, trabalhando e contente.
Aí, talvez, dói um pouco.
O arrependimento chega e crava um punhal
No seu estômago e fere à sua alma.
A dor não sangra, mas a consciência
Derrama lágrimas de sangue. Logo esquece,
E volta sua ética feita de valores e de aglomerados,
Sem açúcar e sem sal.
Quando tal momento tão bom voltará de novo?
Para se sentir tão bem. Nunca, talvez, jamais.
Aonde ele estará agora? Perdido? Escondido?
Com fome? Sabe deus. Mas vez por outra ele aparece
E os malandros de plantão começam a salivar
Para degustar dele. Que ele, o homem se aproxima
Da sua missão de ser imolado pelas entranhas
E não sobrar nada. Nada mais.
 
 
Carlos gaiza
 

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